Ficando Grávida

 

 O atraso, a notícia

Quando a menstruação atrasa o primeiro pensamento de toda mulher em condições de procriar é: será que estou grávida? Esse alerta dado pela ausência do sangramento habitual, nem sempre é o primeiro.

Muitas vezes, as mulheres sabem que estão grávidas antes que qualquer exame dê positivo, ou de qualquer atraso. O que é isso? Sensibilidade? Autoconhecimento? Será isso  possível?

Já vi casos de mulheres que sabiam estar grávidas no dia seguinte em que tiveram a relação que as engravidou. Uma paciente minha, ao acordar pela manhã, viu “estrelinhas surgindo e caindo do teto”. Imediatamente soube que havia engravidado na noite anterior, pois em sua primeira gravidez ocorrera o mesmo.

De uma grávida esperam-se coisas que transcendem a nossa sabedoria e conhecimento científico. Existe algo de superior e mágico na gravidez. Acostume-se a isso.

A vontade de tornar público seu estado, varia muito em relação a cada mulher. Existem algumas que com um dia de atraso, acordam e telefonam para suas mães. Outras, esperam um ou mesmo dois exames para comunicarem até para seus parceiros.

Ficar grávida é uma condição fisiológica; é como crescer, envelhecer, nascer o seio, crescer cabelo. É algo que seu organismo providencia e estimula. A notícia, então, deverá ser a confirmação do que se esperava.

 

O diagnóstico da gravidez

 

A espera da certeza da gravidez dentro de seu ventre é um momento de angústia para a mulher. Saber-se grávida, com brevidade, é importante para sua tranqüilidade e bem-estar. Há alguns anos, só se sabia que uma mulher estava grávida após um atraso de, no mínimo, 20 dias. Hoje com a evolução da técnica e métodos de exames, essa resposta pode ser conseguida com dois dias de atraso menstrual.

Os sinais mais precoces de que um ovo está implantado, dizem respeito à retenção hídrica dada pelo aumento de progesterona. Assim, o aumento dos seios é um dos primeiros sinais, mas pode ocorrer também na ausência de gravidez, pelo simples atraso da menstruação, principalmente se a mulher está ansiosa para ser, ou para saber se vai ser mãe, ou não.

 

 

Dosagem de ßHCG sérico (no sangue)

 

O que é isso? É a fração ß de um hormônio produzido no corion, (uma porção do ovo) que se instalou no útero. Daí o nome “hormônio coriônico gonadotrófico” ou simplesmente “gonadotrofina coriônica”.

 

O exame pode dar negativo e a paciente estar grávida?

Pode.         O exame negativo deve ser repetido após alguns dias (2 ou 3) pois poderá tratar-se de uma implantação tardia e não no 14° dia do ciclo.

 

O exame pode dar positivo e a paciente não estar grávida?

Não! O exame positivo sempre evidencia uma gravidez. Pode ser que a paciente não esteja mais grávida, mas ele mostra, no mínimo, que houve um ovo implantado.

 

  ßHCG na urina

São, normalmente, testes caseiros adquiridos nas farmácias, e evidenciam a presença de hormônio coriônico em uma gota de urina. São mais falíveis que os exames de sangue. Alguns anunciam certeza do resultado em quase 100% após 48 horas de atraso, mas, é sempre bom comprovar a gravidez pelo exame de sangue.

 

Ultra-sonografia

Exame não invasivo que mostra o ovo implantado a partir de dois a sete dias de atraso.

Pode ser negativo e a paciente estar grávida? Dependendo do equipamento usado, da época da fecundação e de quem interpreta o que vê, pode ser negativo e a paciente estar grávida. Sempre é bom fazer um ßHCG para confirmar a negatividade depois de alguns dias, ou repetir o ultra-som para tentar ver o ovo.

O bebê que demora para vir

 Concepção  Assistida

 

A concepção assistida, em geral, não é o primeiro recurso no tratamento da infertilidade. Antes devem ser tentadas outras opções, como a orientação quanto ao momento da relação sexual, intervenções cirúrgicas ou tratamentos com remédios. Na realidade, a  via de tratamento escolhida pelo médico dependerá, principalmente, do resultado de suas investigações. Os medicamentos para fertilidade, junto com a relação sexual no momento adequado, por exemplo, não terão qualquer utilidade para um casal cuja infertilidade resulta de uma obstrução das tubas uterinas; somente uma correção cirúrgica ou a concepção assistida podem ser indicadas neste caso. Dependendo do diagnóstico e do tipo de infertilidade constatada, várias alternativas podem ser sugeridas. Entretanto, se a concepção assistida for considerada adequada,  vários procedimentos são disponíveis.

A este conjunto de técnicas variadas de manipulação e aproximação dos gametas denomina-se Reprodução Assistida, que caracteriza todo o procedimento de reprodução humana no qual existe alguma interferência, seja no manuseio dos gametas ou pré-embriões (estrutura formada após a fecundação num estágio muito precoce do desenvolvimento até 5 dias após a fecundação).

As técnicas de fertilização assistida (desde a inseminação artificial até a micromanipulação de gametas), têm por objetivo a perfeita interação entre o espermatozóide (gameta masculino), e o oócito (gameta feminino), com formação de um pré-embrião capaz de se desenvolver e implantar-se no útero materno.

Dentro das técnicas de reprodução assistida, os pacientes poderão ser submetidos a diferentes protocolos. Estes são alguns atualmente disponíveis:

Indução de ovulação com coito programado:

O princípio da indução da ovulação é estimular os ovários (com medicamentos para a fertilidade), para produzir um pequeno número de óvulos (geralmente dois), e permitir que a fertilização ocorra por relação sexual normal. As mulheres mais adequadas a esta forma de tratamento são aquelas com distúrbios hormonais e uma condição conhecida como síndrome do ovário policístico. É crucial, para o sucesso, que a relação sexual seja programada para coincidir com a ovulação que o tratamento conseguiu. A monitoração da resposta ao tratamento é, portanto, uma parte vital do programa, a fim de serem maximizadas as probabilidades de uma gravidez bem sucedida e minimizados quaisquer riscos. A probabilidade média de concepção depois de um ciclo de tratamento é de 15% a 25%.

Inseminação artificial (IIU):

 

 

Os estudos mais recentes de inseminação artificial sugerem que os melhores resultados são obtidos quando a inseminação coincide com a ovulação induzida por medicamentos para a fertilidade. É importante, porém, que os médicos que estão realizando essa estimulação ovariana monitorem seu tratamento medicamentoso a fim de se assegurar de que não há folículos demais se desenvolvendo no ovário. Uma grande quantidade de folículos produzirá muitos óvulos, aumentando o risco de gravidez múltipla. O objetivo comum é gerar não mais que três óvulos.

No momento da ovulação, uma amostra de sêmen do homem é preparada e inseminada na mulher,  por meio de um delicado cateter. Este último procedimento é conhecido como inseminação intra-uterina, ou IIU.

Os índices de sucesso da IIU em seguida à estimulação ovariana (superovulação) são entre 20 % a 25% por ciclo, mas podem chegar a 60% depois de várias tentativas em um ano. É importante que o número de espermatozóides esteja dentro dos limites normais e que as trompas da mulher sejam sadias. Os médicos devem tentar,  no máximo, quatro ciclos com IIU e, se não forem bem sucedidos, recomendar, então, outros métodos.

Nos casos de distúrbios seminais graves, pode ser usado o sêmen congelado de um doador anônimo.

 

Passo a passo na IIU

1 – Tratamento medicamentoso, para estimular dois ou três óvulos a amadurecer

·         Geralmente gonadotrofinas, para estimular o crescimento dos folículos e provocar a ovulação

2 – Monitoração do tratamento, para medir o crescimento dos folículos, individualizar as doses do medicamento, e prevenir efeitos colaterais sérios

·         Através de exame de ultra-som transvaginal (duas ou três vezes durante um cicio de tratamento)

·         Algumas vezes pela dosagem de hormônios em uma amostra de sangue

3 – Amostra de esperma, colhida na manhã da ovulação, é preparada e utilizada mais tarde no mesmo dia

4 – Teste e monitoração da gravidez

 

Fertilização in vitro (FIV):

Gametas femininos são retirados do ovário da mulher por aspiração e colocados em ambiente e local apropriados. Ao mesmo tempo, espermatozóides também, são obtidos, selecionados e processados. Separados um a um, os gametas femininos são transferidos para uma placa de plástico onde terão contato com os gametas masculinos. Se houver a fertilização, os pré-embriões são colocados em ambiente adequado e após 2 a 5 dias são transferidos para o útero materno.

A FIV é a técnica original do “bebê de proveta”,  sendo provavelmente o procedimento de concepção assistida mais amplamente praticado no mundo. Em termos simples, a FIV remove vários óvulos do ovário, fertiliza-os no laboratório com o esperma, e transfere uma pequena seleção dos embriões resultantes para o útero, para implantação e gravidez. Embora a FIV tenha sido desenvolvida para tratar casais cuja principal causa de infertilidade é uma lesão tubária, foi constatado que a técnica é útil também nos casos de endometriose, de distúrbios do sêmen (espermatozóides em número baixo ou com má formação), e mesmo de infertilidade não explicada. Estudos indicam que a expectativa de gravidez após um ciclo de tratamento é de aproximadamente 35%, e que a probabilidade de parto é ligeiramente menor. No global, o índice médio de bebês levados para casa após a FIV é de aproximadamente 25% a 30% para cada ciclo de tratamento. Esses índices não são muito diferentes dos de casais férteis normais. A maioria dos estudos mostrou que os índices de gravidez diminuem nas mulheres depois dos 35 anos Muitos especialistas em infertilidade encorajam os casais a agir rapidamente, quando a mulher está com pouco mais de trinta anos de idade.

Passo a passo na FIV (Fertilização in vitro)

1 – Tratamento medicamentoso, para estimular vários óvulos a amadurecer

·         Agonistas GNRH para suprimir qualquer outra atividade hormonal (injeções/spray nasal durante (geralmente) duas semanas antes das gonadotrofinas e então, dependendo da resposta, mais 10-14 dias)

·         Gonadotrofinas para estimular o crescimento dos folículos e provocar a ovulação

2 – Monitoração do tratamento para medir o crescimento dos folículos, individualizar as doses do medicamento, e prevenir efeitos colaterais sérios

·         Através de ultra-som transvaginal (três a cinco exames durante um ciclo de tratamento)

·         Algumas vezes pela dosagem de hormônios em uma amostra de sangue

3 – Coleta dos óvulos, geralmente sob anestesia local, levando entre 10 e 20 minutos

·         Orientada por ultra-som transvaginal

·         Coleta através da vagina (32-36 horas depois da última injeção de hormônio)

4 – Amostra de esperma, colhida no mesmo dia que a coleta dos óvulos

5 – Fertilização

·         Óvulos e espermatozóides preparados e mantidos juntos em cultura durante a noite.

·         Ovos examinados ao microscópio no dia seguinte.

6 – Transferência do embrião (geralmente dois a três dias depois da fertilização)

·         transferência transvaginal de não mais que três embriões

·         Embriões colocados no útero

·         Embriões de reserva geralmente congelados

7 – Teste/monitoração da gravidez

 

 Injeção intracitoplasmática de Espermatozoides

Esta técnica foi introduzida por Palermo e colaboradores em 1992, com o intuito de tratar causas masculinas graves. Consiste na injeção do espermatozóide recuperado do sêmen,  diretamente no citoplasma do gameta feminino.

Nos casos de ausência de espermatozóides no ejaculado, técnicas de recuperação de espermatozóides testiculares ou epididimários podem ser associadas à ICSI, tais como a aspiração microcirúrgica de espermatozóides epididimários (MESA); extração microcirúrgica de espermatozóide testicular (TESE microcirúrgica); aspiração testicular com agulha fina (TESA) e aspiração epididimária (PESA). Os resultados desta associação  têm sido bastante encorajadores, sugerindo uma boa alternativa nestes casos.

As técnicas de injeção intracitoplasmática de espermatozóide, ou ICSI, foram aclamadas como uma revolução nos últimos anos, finalmente oferecendo um tratamento viável para os mais difíceis casos de infertilidade masculina.

Para a  técnica da ICSI são utilizados microscópios com  micromanipuladores que possibilitam a  apreensão dos oocitos e a injeção do espermatozóide.

 

Um comentário sobre “Ficando Grávida”

Deixe um comentário